Parque Nacional de Boé
Nos confins do país, oásis de biodiversidade
Localização Geográfica
O parque Nacional de Boé localiza-se na Região de Gabú entre os paralelos 12 14. 236´N e 11 52.971´N Norte e os Meridianos 13 43.185´ e 14 13.261´Oeste. A superfície total é 155.295 ha senso o Parque Nacional de Boé 105.373 há e Corredor Ecológico de Tchetche 49.922 ha.
Estende-se ao longo da bacia do Rio Corubal, abarcando e compreendendo trechos do sector administrativo de Boé, sector Administrativo de Pitche e sector Administrativo de Gabu. O Corredor Ecológico de Tchetche também se localiza na mesma região administrativa entre os paralelos 11 46.365´ e 11 58.266´Norte e os Meridianos 14 1,072´e 14 19.889´ Oeste, abarcando e compreendendo trechos do sector Administrativo de Boé e o Sector Administrativo de Gabú.
Data de Criação
28 de junho de 2017 pelo Decreto n.º 15/2017 – Parque Nacional de Boé (PNB);
28 de junho de 2017 pelo Decreto n.º 11/2017- Corredor Ecológico de Tchetche.
Os Objetivos do Parque
O Parque Nacional de Boé tem como objetivos principais assegurar a conservação de habitats e da grande diversidade biológica na bacia superior do rio Corubal e seus afluentes, salvaguarda as espécies animais e vegetais em vias de extinção, raros ou ameaçados, promover o ecoturismo e outras formas compatíveis de valorização e uso da biodiversidade por forma a assegurar melhores condições de vida às populações residentes.
Tutela Instituicional
Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas – Dr. Alfredo Simão da Silva (IBAP).
Comunidades Humanas Residentes
A população total do PNB é cerca de 7.366 habitantes, com uma densidade considerada baixa, mas que tende a aumentar. A comunidade vive no interior do parque em harmonia com os recursos da biodiversidade presentes, pois o modelo de parque adotado na Guiné-Bissau, integra a filosofia de “Parque com população e para a população”, sendo necessário criar zonagens que permitam a gestão dos espaços e dos recursos.
A etnia predominante no PNB é Fula embora existem outras como Mandinga, Manjaca e Balanta. O Parque dispõe de um património cultural, histórico e natural de grande valor. A comunidade local desenvolveu uma relação estreita com o seu ambiente e até a data presente é preservada, natural e em equilíbrio.
O Parque Nacional de Boé é uma zona encravada e com poucas oportunidades para as comunidades residentes, que dependem integralmente dos recursos naturais para a sua subsistência; elas praticam como atividade geradora de rendimento económico a agricultura de sequeiro, caça, pastorícia. Nestas atividades persistem ainda fácies tradicional de exploração de recursos com fracos impactes sobre os recursos naturais, com fraco rendimento e a grande dependência das condições naturais; estes que poderão ter reflexos negativos na segurança alimentar e nutricional, na diversificação da produção, na conservação da biodiversidade e no surgimento de zoonoses.
Caracterização Ambiental
É caraterizada pela orografia formada essencialmente por colinas de baixa altitude, de topos planos e separados por vales muito abertos e um coberto vegetal muito diverso. O ecossistema no qual está integrado o PNB é importante na manutenção de populações, no recrutamento e na dispersão de várias espécies, especialmente de mamíferos e aves, dentro do próprio complexo e entre este e os inúmeros parques da zona costeira da Guiné-Bissau assim como dos países vizinhos.
Facilita assim a migração transfronteiriça de uma grande diversidade de espécies da grande e média fauna algumas das quais migradoras de longa distância, na qual se salientam os grandes ungulados e carnívoros. Esta zona é considerada também zona prioritária e crítica para a conservação do Chimpanzé e outros primatas. A diversidade florística é muito grande e dela depende consequentemente uma importante biodiversidade (avifauna florestal e aquática). O PNB tem outros atributos naturais e históricos que o tornam muito atrativo. Dispõe de uma rede de cursos de água que em conjunto forma a Grande Bacia do Rio Corubal que é o maior rio de água doce da Guiné-Bissau. Entre as superfícies de água doce destacam-se também as lagoas permanentes ou temporárias, conhecidas por “Wendus”.
O património natural, histórico e cultural reúne igualmente condições para a recriação e de educação para uma grande diversidade de atores locais, nacionais e internacionais, mas carece ainda das condições materiais, financeiras e humanas para a sua efetivação.
O PNB tem um grande potencial para o ecoturismo: a riqueza do património cultural, a beleza dos sítios, a integridade das paisagens, a presença de uma diversidade de espécies emblemáticas e algumas das quais migradoras de longa distância.
Fauna
Destacam-se sobre a fauna os grandes ungulados Antílope equino (Boca-branco Hippotraugus equinus, o Sim-sim Kobus defessa), os carnívoros (a onça Panthera pardus, o leão Panthera leo, a hiena Crocuta crocuta), alguns primatas tais como (Chimpanzé Pan troglodytes verus, Macaco fidalgo preto Colobus polykomos, Macaco mona Cercopithecus “mona” campbelli, Kon Papio papio, Macaco vermelho Erythrocebus patas.
Porcos de mato preto e vermelho (Phacochoerus africanus e Potamochoerus porcus), Porco-espinho (Hystrix cristata), o Búfalo da floresta e o da savana (Syncerus caffer e Syncerus caffer nanus), a Gazela pintada (Tragelaphus scriptus), o muntum (Cephalophus silvicultor), Cabra de mato (Cephalophus dorsalis), o Frintamba (Cephalophus rufilatus). O hipopótamo (Hippopotamus amphibius), o Elefante (Loxodonta africana), Crocodilo de Nilo (Crocodylus niloticus), entre outras.
Esta zona é considerada também zona prioritária e crítica para a conservação do Chimpanzé (Pan troglodytes), e outros primatas, fazendo desta área uma forte vocação para o ecoturismo.
Principais Ameaças
Como principais fatores de pressão antrópica sobre a vegetação florestal no PNB são de destacar as queimadas, o derrube de vegetação para agricultura itinerante (Mpampam), o consumo doméstico de lenha, a transumância, Caça comercial, imigração sazonais e permanentes da vizinha Guiné (Conakry), exploração minera, plantação de cajuais e criação de novas tabancas.
Estes fatores têm alguns inconvenientes, levando a um acréscimo de ameaças à conservação da diversidade biológica, nomeadamente, a degradação florestal e consequentemente da fauna, através da desmatação para a prática da agricultura do planalto (mpam-pam), a criação e a expansão de cajuais, a caça clandestina, as queimadas, a expansão das áreas de pasto, imigração sazonais e permanentes, exploração minera e a antropização crescente da área com a criação de novas tabancas.
Outros Estatutos do Parque
Lagoa Wendu Tcham – Sitio Ramsar, 2015 – Zona húmida de importância internacional.